Documentário FELICIDADE no jornal O Popular
28/12/2009 22:30
Documentário questiona a relação felicidade X dinheiro
Rute Guedes/O Popular
Com a pergunta “Você acha que precisa de mais dinheiro do que tem hoje para ser feliz?”, a documentarista goiana Tarsila Araújo está viajando por todo o Brasil para concluir o documentário Felicidade, um longa-metragem em vídeo. O objetivo da diretora é, com a questão sobre dinheiro, discutir o conceito de felicidade e bem-estar para pessoas de várias classes sociais, diferentes culturas e sotaques do País. Ela começou a rodar o longa em meados de dezembro em Goiânia, primeira parada de uma jornada que deve, segundo seu projeto, passar por mais 14 cidades.
“Este filme é uma pesquisa. O contexto dessa pesquisa são as pessoas. Os brasileiros. Não se trata de um filme de ficção. A ideia é percorrer todo o Brasil realmente conhecendo estas pessoas, conversando com elas. É um filme sobre estilos de vida, nas diferentes regiões do Brasil. E a partir dele, descobriremos como as pessoas vivem nas diversas cidades do País, o que elas pensam sobre a felicidade e, claro, suas próprias vidas”, diz a diretora, que já colheu boa parte das entrevistas em Goiás. Entre anônimos e personalidades, sua equipe esteve com escritores como Gabriel Nascente e Bariani Ortencio, o aposentado Francisco Sampaio de Bessa e a empresária Regina Celi Carvalho Zuppani. Em cada cidade, Tarsila vai trabalhar com equipe parcialmente local e, no caso de Goiânia, seus parceiros foram os profissionais Leandro Moura (fotógrafo Still), Luana Marinho (assistente de direção) e Januário Leal (técnico de som).
Contradição
Comentando sobre a primeira parte de Felicidade, ela relatou sobre os depoimentos colhidos em Goiânia. “Fiquei emocionada com as palavras do poeta Gabriel Nascente. O operário Mizael Marques, que se disse feliz, também me impressionou ao dizer que ser feliz é poder dar felicidade para os outros.” A diretora destaca, em outra posição da chamada pirâmide social, as palavras da empresária Regina Zuppani. “Ela é muito desprendida. Apesar de hoje ser bem-sucedida financeiramente, ela se lembra de quando era criança e vendia roupas para ajudar a mãe. Depois começou ao lado do marido uma fábrica na garagem de casa. Hoje ela diz que gosta mais de dar presentes do que de receber”, ressalta a cineasta.
Outra participação no documentário é a do aposentado Francisco Sampaio Bessa. “Ele tem um sentimento de cidadão muito forte, a cidadania de vizinhança. O seu Francisco cuida do canteiro das praças perto da casa dele, no Jardim América”.
Felicidade, adianta a cineasta, está sendo planejado como um road-movie, o que pode se traduzir livremente como um filme de estrada, de viagem. “Quero que o documentário prenda a atenção do espectador, que ele esqueça que está assistindo a um filme e que quebre todos os preconceitos com o documentário no Brasil. Um filme que faça as pessoas se divertirem e também pensarem, refletirem sobre suas vidas, suas escolhas, e que mostre para elas a diversidade que é o Brasil, diferente dos preconceitos e estereótipos sobre os outros Estados”.